quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O suspiro


Tem dias que fico pensando nas razões que me fazem manter este blog bissexto. Olho tantos que existem por aí e penso que boa parte deles serve para o auto-elogio, para a divulgação de asneiras e de sacadas estúpidas ou - o que nos salva de virarmos estátuas de sal - de conteúdos consistentes, atualizados, geniais e pertinentes.
Há de tudo, mas desse tudo há mais de certas coisas do que de outras. As redes sociais e toda a tralha disponível na web se parecem, cada vez mais, com BBBs portáteis e disponíveis a qualquer pessoa com acesso à internet. Quase disse qualquer pessoa que saiba escrever e que tenha acesso à rede. Basta, como já se sabe, o acesso.
Olho, muitas vezes, o que postei e fico matutando. Censuro-me quase sempre. Dias depois dou uma espiada no que está aqui e deixo mais por preguiça ou por sabe-se lá quê sentimento do que por convicção.
Sim, bem sei, não devia depositar tanta reflexão nessas postagens. É inevitável.
Não é possível que não haja custo embutido nesse trânsito quase sempre irrefletido de dados. O valor da memória física (mesmo sendo nas “nuvens”) de tanta coisa dita, postada, twittada, hospedada ou gravada não deve ser um maná oferecido por um deus bom.
Deve ser o estímulo ao trânsito o grande interesse disso tudo. Há bem pouco tempo pagávamos luz, água e telefone. Agora há a tal da conexão “rápida” com a web que acrescenta mais uns dois ou três valores de conta de água por mês.
Não se trata de uma avaliação protomarxista. É só uma reflexão ocupando espaço na rede e tomando o tempo de quem escreveu e de quem leu, está lendo e lerá.
Se tornar público qualquer suspiro que se dê acabou virou o leitmotiv da maioria dos conteúdos publicados no ciberespaço, cá está meu suspiro (breve) de hoje.

Um comentário:

motel cactus disse...

“The best way to fill time is to waste it”
- MARGUERITE DURAS