sexta-feira, 28 de agosto de 2009

As tipuanas da Marechal

Volto pra casa caminhando. Depois do café e do almoço. Nessa ordem. Caminho lentamente. As calçadas da Floriano tem lá a sua elegância. Agosto finda e há muitas árvores nuas. As tipuanas da Floriano ainda perdem lentamente suas folhas. Elas caem vagarosamente. Deslizam o ar rodopiando. A luz do meio-dia passa pelos galhos pelados e essas folhinhas ovais refletem com delicadeza a luz do sol. O vento sopra um pouco mais forte e muitas folhas tombam. Parecem flocos de neve amarelados. A calçada, as árvores, o caminhar lento das pessoas, tudo fica mais atraente com o espetáculo das tipuanas.

As folhas se amontoam pelo chão e daí nem se acha que as coisas sejam tão elegantes. O charme das folhas encontra calçadas frouxas e irregulares. Amontoam-se com canudinhos, plásticos diversos, sujeira atirada em todos os cantos. Lá se vai toda a elegância.

Há ainda as calçadas nas quais a vida das árvores foi cortada há tempos. Nunca mais voltaram. Por certo permitem que o cidadão possa contemplar a brilhante arquitetura das caixas de concreto que brotam cheias de otimismo e desprezo por qualquer noção de beleza.

Prefiro ficar com o espetáculo das folhas. Uma cidade tem espírito ou essência por coisas assim. Por detalhes que a tornam agradável. Por coisas que tornem nossa memória dos dias em algo aprazível. Não era pra ser um manifesto, mas, reconheçamos, a cada árvore que some das calçadas de Santa Cruz tanto menos interessante a cidade se torna. Tanto menos prazer há nas ruas. Tanto menos nossa identidade urbana é mantida. Tanto menos graça há em flanar pelas calçadas. Tanto menos original nos tornamos. Perdemos vida.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

História do design gráfico do Meggs: finalmente em português



A Cosac & Naif está lançando em português um livro clássico sobre a história do design gráfico. Imperdível

História do design gráfico
Philip B. Meggs
Tradução: Cid Knipel
Edição revista e atualizada por Alston W. Purvis

Fundamental na formação de várias gerações de designers em todo o mundo, História do design gráfico, de Philip B. Meggs (1942-2002), chega agora ao Brasil em sua mais recente edição, revista e atualizada pelo historiador e designer Alston W. Purvis, inteiramente rediagramado e ilustrado com 1.300 imagens coloridas. Considerado a mais completa história do design gráfico até hoje, o livro toma como marco zero as pinturas rupestres de Lascaux, realizadas há mais de 10 mil anos, até a invenção da escrita, as origens da imprensa com a invenção dos tipos móveis por Gutenberg no século XV, passando pela Revolução Industrial e artes gráficas do século XIX, até o design pós-moderno e a era digital nos séculos XX e XXI. O volume traz uma visão ampla de estágios e feitos notáveis, reunindo movimentos, obras e indivíduos que influenciaram o design gráfico, documentando suas inovações e os personagens que influenciaram sua contínua evolução. Insuperável como título inicial para estudantes da área.

Capa dura revestida em tecido
720 páginas; 1.300 ilustrações;
21,5 x 25,5 cm; 2,04 kg;
ISBN 978-85-7503-775-1
Publicação: ago.2009

Cosac & Naif

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Kurt Vonnegut (1922 - 2007)

Kurt Vonnegut faz parte da lista de autores que devo estudar para transformar numa tese sobre as distopias mais expressivas do século XX. O fragmento abaixo traduz bem a forma como nascem as distopias.

"De onde tiro as minhas ideias? você pode muito bem ter feito a mesma pergunta para Beethoven. Ele estava de bobeira na Alemanha como todo mundo e, de repente, uma coisa começou a brotar dele.
Era música.
Eu estava de bobeira como todo mundo em Indiana e, de repente, uma coisa começou a brotar. Era nojo da civilização."