sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Das Weisse Band (Michael Haneke, 2009)
A Fita Branca é desses filmes que não nos deixam em paz mesmo alguns dias depois que o tenhamos assistido. Michael Haneke tem esse talento. Caché produziu o mesmo efeito em mim.
Nessa produção muito bem conduzida em termos de fotografia, roteiro e direção, temos uma narrativa que se passa em 1913 numa aldeia no interior da Alemanha. Logo no início o narrador (que é o professor da escola e regente do coral da escola) faz um breve alerta sobre o fato de essa história poder revelar, mesmo que de forma sutil, algumas explicações para determinadas coisas que viriam a acontecer no país anos depois.
A crítica tem identificado essas explicações no sentido de entender um certo terreno psicológico, social e cultural para o nazismo. É uma possibilidade de significado bem aceitável nas condições com as quais acabamos nos deparando no decorrer do filme.
O enredo tem seu eixo baseado em eventos sinistros que chamam a atenção da aldeia. Um arame é posto no caminho que o médico do vilarejo percorre normalmente com o seu cavalo, provocando, assim, um sério acidente. Uma mulher morre ao romper o assoalho frágil de uma serraria e cair no porão. O filho do barão é açoitado e pendurado pelos pés. Um celeiro é incendiado. Um menino deficiente é torturado e tem os olhos furados.
Os culpados não são encontrados. Os tais eventos chocam por um tempo e acabam esquecidos. Nada é descoberto. A sequência de eventos que oscila entre a violência crua nos ambientes domésticos, a ternura inocente de gestos simples e a brutalidade das relações e das condições cria um suspense realçado pela bela fotografia em preto & branco.
Nessa teia complexa de acontecimentos as crianças estão sempre presentes. Apesar de as figuras adultas conduzirem a maior parte dos textos é o grupo de crianças a personagem principal. Delas se exige um comportamento controlado. O título do filme parte justamente de um símbolo relacionado à pureza e à ingenuidade. Uma filha e um filho do pastor são reprimidos num certo momento por má conduta – eles somem por um longo período, chegam tarde à casa da família e atrasam a janta – e, como forma de lembrá-los a manter o bom caminho, a mãe coloca uma fita branca presa ao corpo (no menino será no braço e na menina no cabelo). Dessa forma eles não esqueceriam como se deve agir com retidão. Haveria preso em seu corpo uma marca evocadora.
O filme é repleto de signos. Tudo bem conduzido, sem exageros e com sutilezas que tornam a obra mais uma peça fundamental de reflexão da maneira como as sociedades se desenham.
Trata-se, no entanto, de psicologia barata imaginar que o filme fala apenas da Alemanha. Seria como assistir Dogville ou Beleza americana e ver apenas a sociedade norte-americana; ou assistir Cidade de Deus e imaginar que há ali apenas um retrato isolado das condições cariocas para o surgimento da violência urbana.
O professor – um homem apaixonado e de hábitos moderados e éticos – percebe, num certo momento, que as crueldades podem estar sendo praticados pelas cândidas e graciosas crianças da aldeia. O pastor, o único a saber dessa suspeita, repreende-o, enxota-o. O professor, aos seus olhos, é um depravado por imaginar tal sandice.
A Primeira Guerra eclode. A vida segue. Ninguém é punido. Lesados fogem, desaparecem da aldeia e tornam-se suspeitos. Porém, não podemos nos enganar, nesse micro-cosmo ninguém é inocente e a única culpa punível é não saber conduzir a imagem do rigor e da pureza.
Especialização: Edição em Jornalismo (Unisc)
Inscrições para o pós Edição em Jornalismo podem ser realizadas até o dia 14 de março.
Aulas se iniciam dia 9 de abril e têm duração de três semestres, em um total de 360 horas/aula
Se você é jornalista graduado, ou irá se graduar em 2010/1, e quer se
especializar na prática de edição, tem até o dia 14 de março para se inscrever
no curso de pós-graduação Edição em Jornalismo da Universidade de Santa
Cruz do Sul (Unisc).
O curso, cujas aulas se iniciam dia 9 de abril e têm duração de três semestres, em um total de
360 horas/aula, oferece a compreensão teórico-conceitual do que representa a edição em
jornalismo; em especial no que a função tem de viabilizadora do processo jornalístico como um
todo.
As disciplinas do Pós-graduação Edição em Jornalismo estão divididas em seis módulos, com
aulas ministradas por profissionais de reconhecida competência acadêmica e profissional.
O conteúdo engloba jornalismo impresso (jornais, revistas e design de capas, principalmente),
digital (webjornais, blogs, microblogs, infográficos), assessoria de imprensa; jornalismo
popular; rádio; imagens (telejornalismo, fotojornalismo, documentários e especiais para a
televisão), aspectos organizacionais (planejamento estratégico, aspectos jurídicos
administrativos e éticos) e seminários temáticos.
“O que se pretende, com isso, é elaborar uma compreensão o mais ampla possível desta
disciplina, que, mesmo sendo fundamental à prática jornalística, encontra-se praticamente
alijada dos currículos de graduação”, explica Demétrio de Azeredo Soster, coordenador
acadêmico do pós.
Os encontros, quinzenais, serão realizados no câmpus Santa Cruz da Unisc sempre à sextasfeiras,
das 19h15min às 22h15, e aos sábados, das 8 às 12 horas e das 13 às 16 horas.
Além da possibilidade de parcelamento do curso em até 24 parcelas, a Unisc oferece três
possibilidades de bolsa-auxílio: o Programa Voltares, para egressos da Unisc,com 10% de
desconto sobre o valor das parcelas; convênios com Sicredi VRP, Caixa, Bradesco e Banco
Real; e, finalmente, Programa Parceria Unisc.
Por esse viés, instituições, empresas, prefeituras e entidades de classe conveniadas podem
receber descontos nas mensalidades e nos produtos da universidade.
Maiores informações pela url http://www.unisc.br/pg/2010/cursos/edicao_jornalismo.html.
Você pode acompanhar as informações também por meio do twitter, pela
http://twitter.com/posedicao
Ou, ainda, pelo telefone (51) 3717.7300
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
Matéria sobre Design gráfico cambiante (3ª ed.)
A Gazeta do Sul (Mix) publicou hoje uma matéria/resenha sobre a terceira edição do Design gráfico cambiante.
Seguem abaixo os links para as páginas do jornal.
Capa (pág. 20)
Página 22
Seguem abaixo os links para as páginas do jornal.
Capa (pág. 20)
Página 22
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Trecho de Fahrenheit 451 (Ray Bradbury)
O trecho abaixo não tem muito a ver com aquilo que ando pesquisando nas narrativas distópicas. No entanto, achei interessante destacá-lo.
Montag é o personagem central do livro e nesse diálogo encontra-se refugiado da sua sua vida como bombeiro rebelde. Quem conversa com ele é Granger, uma das pessoas que ele encontra em sua fuga e que, noutros tempos, fora professor, intelectual e escritor. Na sociedade de Fahrenheit 451 isso não significa mais nada de relevante. Pelo contrário, torna-se um imperativo para a sua eliminação, para o exílio ou para a proscrição do sujeito.
- O que você deu para a cidade, Montag?
- Cinzas.
- O que os outros davam uns aos outros?
- Nada.
Granger parou ao lado de Montag, também olhando para trás.
- Todos devem deixar algo para trás quando morrem, dizia meu avô. Um filho, um livro, um quadro, uma casa ou parede construída, um par de sapatos. Ou um jardim. Algo que sua mão tenha tocado de algum modo, para que sua alma tenha para onde ir quando você morrer. E quando as pessoas olharem para aquela árvore ou aquela flor que você plantou, você estará ali. Não importa o que você faça, dizia ele, desde que você transforme alguma coisa, do jeito que era antes de você tocá-la, em algo que é como você depois que suas mãos passaram por ela. A diferença entre o homem que apenas apara gramados e um verdadeiro jardineiro está no toque, dizia ele. O aparador de grama podia muito bem não ter estado ali; o jardineiro estará lá durante uma vida inteira.
Montag é o personagem central do livro e nesse diálogo encontra-se refugiado da sua sua vida como bombeiro rebelde. Quem conversa com ele é Granger, uma das pessoas que ele encontra em sua fuga e que, noutros tempos, fora professor, intelectual e escritor. Na sociedade de Fahrenheit 451 isso não significa mais nada de relevante. Pelo contrário, torna-se um imperativo para a sua eliminação, para o exílio ou para a proscrição do sujeito.
- O que você deu para a cidade, Montag?
- Cinzas.
- O que os outros davam uns aos outros?
- Nada.
Granger parou ao lado de Montag, também olhando para trás.
- Todos devem deixar algo para trás quando morrem, dizia meu avô. Um filho, um livro, um quadro, uma casa ou parede construída, um par de sapatos. Ou um jardim. Algo que sua mão tenha tocado de algum modo, para que sua alma tenha para onde ir quando você morrer. E quando as pessoas olharem para aquela árvore ou aquela flor que você plantou, você estará ali. Não importa o que você faça, dizia ele, desde que você transforme alguma coisa, do jeito que era antes de você tocá-la, em algo que é como você depois que suas mãos passaram por ela. A diferença entre o homem que apenas apara gramados e um verdadeiro jardineiro está no toque, dizia ele. O aparador de grama podia muito bem não ter estado ali; o jardineiro estará lá durante uma vida inteira.
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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
A mídia num mundo distópico (texto publicado na Felafacs 2009/Havana)
O imaginário de uma época é impossível de ser alcançado ou descrito na sua totalidade. Temos pistas e indícios. Há registros das mais diversas formas que acabam servindo como indicadores das crenças, esperanças, medos ou ansiedades de determinados grupos. Um livro pode revelar a visão de um indivíduo sobre os temores de uma década. Mas pode ser um caminho para encontrarmos fragmentos de um imaginário ampliado. Tanto mais se percebermos que essas visões ou interpretações individuais se repetem e fazem surgir um conjunto razoável de registros que seguem olhares similares. Amplia-se a relevância desses registros quando eles se tornam um dos símbolos de um tempo ou lugar.
Acesse o arquivo com o texto completo em PDF.
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