sábado, 23 de janeiro de 2010

Criatividade aplicada

Filme para incentivar as empresas portuguesas a apostarem na criatividade. 
O filme conquistou Prata no Young Lions Portugal 2009. 
Criação: Bob Ferraz e Marcelo Melo.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Cartaz de filme: "Terminator: salvation"


Havia esquecido de incluir este cartaz na minha lista de grandes cartazes do ano.
É o velho golpe da imagem que parece uma coisa vista a partir de uma certa distância e que de perto revela outra, mas ficou bem feito, apropropriado, curioso e relevante.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O melhor e o pior em logos de acordo com o Underconsideration (2009)

O site Underconsideration publicou uma lista com aquilo que eles consideraram o melhor e o pior em logos (criações e redesenhos) durante o ano passado.
Vale a pena dar uma olhada e ver o que eles consideraram como bom e ruim numa área tão abstrata e complexa em termos de julgamentos. Podemos até não concordar com todas as opções, mas na maioria dos casos indicados é possível entender e tirar algum proveito.

Bastardos Avatares

Bastardos Inglórios e Avatar aparecem como possíveis indicados a pencas de prêmios nesse início de 2010. Há conexões entre eles? Penso que sim.
Ambos usam clichês e estereótipos durante toda a trama. Em Bastardos esses clichês são usados ao modo já bem conhecido de Tarantino. São intencionais, fazem parte do seu universo criativo e se transformaram na sua marca mais perceptível. Vemos seus filmes, quase sempre, com a esperança de ver mais releituras, mais variações de violência, mais diálogos improváveis, mais Taratino, sobretudo.
Em Avatar os clichês são levados a sério. Tudo, também, é requentado. Mas tudo é para ser sério. As metáforas não são brincadeiras do diretor. Devem servir para nos fazer pensar. Mas como essa história já foi contada outras vezes, e em formas menos previsíveis, o que sobra de Avatar é entretenimento puro. Cinemão e nada mais. Ou como Aldous Huxley já previa lá no seu Admirável: cinema sensível. Cinema feito para os sentidos mais físicos do ser.
Outra coisa em comum: os militares norte-americanos. Em Bastardos esses militares são formados por um batalhão/gangue de judeus recrutados nos EUA e liderados por um sujeito de procedimentos éticos atípicos para um “verdadeiro” militar. Sua missão: matar nazistas da forma mais apavorante possível com o intuito de gerar pavor entre os militares alemães. Avatar tem os militares num papel, a princípio, de proteção aos grupos de extração mineral que estão em Pandora com a finalidade de explorar um metal muito precioso para os terráqueos invasores. O herói do filme, o homem que renasce entre os Na’Vi como uma espécie de guerreiro-líder- salvador é um fuzileiro americano paraplégico. Há entre os militares do mau o líder que tem uma grande cicatriz na cabeça, é impiedoso e parece ficar repetindo frases de George Bush o tempo todo. Ele é quem lidera a invasão e tentativa de destruição dos nativos de Pandora. O fuzileiro convertido em avatar Na´Vi e de coração valente acaba se tornando o grande líder de uma virada nessa luta entre invasores bem equipados tecnologicamente e nativos cheios de pureza, disposição, corpos perfeitos selecionados pela natureza deslumbrante e hostil de Pandora e conexões USB 3.0 com a sua natureza.
Sim, os EUA agora são mostrados como vilões, como invasores, mas a sua alma – representada pelo fuzileiro que aprende a lição da harmonia entre os Na’Vi – não foi corrompida. Basta haver um redirecionamento de energias e esse povo maravilhoso desempenhará outra vez seu papel para o bem da humanidade.
Em Bastardos os mocinhos agem de forma inescrupulosa, arrebentam cabeças com tacos de beisebol, arrancam escalpos, marcam testas com pontas de facas, torturam. Afinal, quem sentiria alguma pena de nazistas sofrendo. Eles merecem toda a violência possível, certo? Alguém ficou chocado ao vê-los agonizantes? Nesse ponto fiquei pensando numa possível armadilha de Tarantino. Nessa banalização toda da agressão ele não estaria nos mostrando como naturalizamos a ideia de que alguns podem sim ser vítimas de violência? Basta, apenas, que tenhamos em mente, que aprendamos o quanto uns são merecedores dessa violência e outros não. Até que ponto de conhecimento devemos ter para autorizarmos, sem revoltas, a agressão contra comunistas, traficantes de morros, fundamentalistas islâmicos, fuzileiros norte-americanos (ou imperialistas yankes!)?
As obras, felizmente, possuem significados abertos. Tanto mais interessante é essa obra quanto ela consegue abrir possibilidades de leituras. Avatar continua fazendo isso e cada vez me dou conta do quanto ele é superficial e ardiloso. Em Dança com lobos há, pelo menos, um final crível.
Bastardos não procura semelhança com o real. Se isso fosse a intenção seria até um deboche contra judeus e aliados. É um trabalho de Tarantino em todos os detalhes e, quem sabe, podemos tirar algo mais do que diversão e sangue na câmera.

domingo, 3 de janeiro de 2010

O fantasma de Eichmann


O século XX gerou vários fantasmas. Provavelmente nos lembraremos de criaturas como Hitler, Mao, Stalin e outros seres que nos fizeram duvidar da humanidade como projeto viável.
Os fantasmas mais assustadores, no entanto, são mais sutis. Eu voto em Eichmann, o oficial, o funcionário, o técnico, o burocrata a serviço do nazismo. O homem que organizava, calculava, exercia seu ofício com competência e ‘imparcialidade’. Credita-se a Eichmann a morte de uma quantidade absurda de pessoas em campos de concentração e outras formas de extermínio. Esse homem, quando foi julgado no início dos anos 1960, não mostrava ódio ou qualquer tipo de rancor pelas pessoas que zelosamente encaminhou para a morte.
Ele parecia mostrar clareza de seu papel e apenas o realizava com a maior eficiência possível. Sem amores, sem sentimentos supérfluos. Havia tarefas, objetivos, missões a serem realizadas e cabia aos administradores e técnicos a sua realização. Isso o torna menos culpado pelo seu papel na história do extermínio racionalizado dos nazistas?
A resposta dessa pergunta será sempre o dilema dos nossos dias. Será o nó ético das nossas ações no mundo que respira sistemas, processos, objetivos e eficiência. Quando não conseguimos mais sentir que parte somos dentro das organizações (sejam elas quais forem) e apenas realizamos, fazemos a roda girar, há o risco de já termos hospedado um pedaço de Eichmann em nossas vidas.
É pouco provável, mas não completamente improvável, que algum de nós comande e organize formas eficazes de extermínio de judeus, ciganos e anormais diversos para ganhar os dias, porém as formas contemporâneas de trabalho estão - principalmente nas empresas mais integradas ao mercado, mais lucrativas ou com formas moderníssimas de gestão - baseadas em emaranhados burocráticos que complicam, tornam difusa a nossa noção de “quem está ganhando efetivamente em cima do meu trabalho?”. Na verdade, tudo se encaminha para que esse tipo de questionamento não seja nem mesmo articulado. Fazemos bem feito o que deve ser feito. Ponto. Esperamos não sermos demitidos, ter algum avanço no plano de carreira ou termos alcançado metas de PPR.
O fantasma de Eichmann é o espectro do século XX sobre o XXI. Tanto pior ele se torna quando deixamos de temê-lo. O abismo é quando nos tornamos o próprio fantasma que deveria viver apenas nos piores pesadelos.