Entre certas espécies de macacos há um hábito que tem merecido a atenção de estudiosos há mais de século. Um macaco está parado, muitas vezes sentado ao sol, e então outro se aproxima lentamente e começa a mexer no seu pelo. Ele fica ali passando os seus dedinhos de macaco, às vezes parece alisar, noutras parece enlouquecido catando piolhos. Ele fica, sobretudo, despendendo tempo em torno do outro macaco. Outros tantos macacos verão aquilo e mais outros tentarão se aproximar, em outro momento, dos tais macacos. Pode acontecer de um macaco ou macaca ter uma posição privilegiada entre a macacada e daí mais primatas embestarão de querer perder seu precioso tempo nessa atividade que nada parece ter de útil (o catar de piolhos é quase sempre uma encenação).
O termo para designar esse nobre hábito simiesco é grooming. Certamente causa prazer ao macaquinho afagado o cafuné providencial, mas a função política e pública do grooming é que faço questão de destacar aqui. Os outros macacos enxergam a situação e percebem as relações existentes, o servilismo público, os contatos autorizados, a troca de favores débeis. Os macacos mais fracos se especializam em oferecer seus cafunés públicos a quem quer que lhes pareça oportuno na construção de relações dentro do grupo. Eles vão se permitindo esse jogo de relacionamentos, de afagos, de trânsitos simbólicos.
No fim das contas, a maioria troca um afaguinho aqui, outro ali. Macacos não são animais tão evoluídos quanto humanos e o grooming tem sido uma das suas marcas de socialização. Somos, portanto, bem diferentes. Somos?
Proponho, a partir da breve síntese acima, uma definição antropológica para certos hábitos praticados com extensa e constante freqüência nas redes e mídias sociais como webgrooming. Preciso explicar mais?
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
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