sexta-feira, 16 de outubro de 2009

De cada 100 tweets...

A Superinteressante deste mês (edição 270 - out.) publicou dados de uma pesquisa realizada pela Universidade de Harvard e pelo Sysomos Intelligence a respeito do conteúdo dos tweets.

De cada 100 tweets:
40 são bobagens (tipo "o que eu almocei hoje");
38 são conversas entre amigos;
8 são notícias e links legais (re-tweets);
8 são mensagens corporativas;
4 são irritantes (spam);
2 são outras coisas.

Reproduzi as categorias exatamente da forma como a revista as descreveu.
A pesquisa, parece-me, quantifica aquilo que qualquer observador menos deslumbrado já sabia: um imenso trânsito de coisas geralmente inúteis.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Distopia, literatura, mídia, tecnologia e imaginário

Já devia ter feito isso antes. Pois bem, faço agora.
Estou cursando o doutorado em Com. Social pela PUCRS e aproveito este blog para tornar público (além daqueles que já venho chateando com esse papo há mais tempo) o meu tema.
Estou trabalhando com distopia, literatura, mídia, tecnologia e imaginário a partir de seis narrativas: Nós (1924) de Evgueny Zamiatin, Admirável mundo novo (1932) de Aldous Huxley, 1984 (1948) de George Orwell, Revolução no futuro (1952) de Kurt Vonnegut Jr, Fahrenheit 451 (1953) de Ray Bradbury e o conto Minority report (1956) de Philip Dick.
Espero, dessa forma, reunir dicas, sugestões, críticas, enfim, colaborações para esse tema.
Aproveito para reproduzir parte de um texto que escrevi sobre a noção de distopia.
...
(...)

As distopias tratam normalmente de projetar maus lugares (dis = mau / topos = lugar), sociedades nas quais a felicidade não se realiza, onde uma idéia de coletivismo age sobre as liberdades individuais e a moral está colada a um poder absoluto e onipresente. Atribui-se a John Stuart Mill o primeiro uso do termo distopia em 1868 durante uma sessão do parlamento inglês. A literatura distópica é devedora dessa visão e aplicação original de Mill que considerava certos posicionamentos políticos da época como capazes de conduzir a sociedade inglesa a um mau lugar, a uma distopia.A virada do século XIX para o XX apresenta contornos políticos, sociais, econômicos, científicos e culturais que estimulam a criatividade de muitos escritores. Podemos destacar Júlio Verne e H. G. Wells como os primeiros expositores de romances ou novelas distópicas modernos (apesar de suas obras serem mais facilmente identificáveis como ficção científica).
Esse começo de século é marcado por uma série de inventos e possibilidades no campo tecnológico que prometem um mundo, cada vez mais, dependente da ciência e tecnologia. Em menos de quarenta anos, contando a partir do fim da década de 1870 até a eclosão da Primeira Guerra Mundial, o mundo assiste ao aperfeiçoamento no uso da energia elétrica (principalmente através das mãos de Thomas Edison), a introdução das execuções da pena capital através de cadeiras elétricas (1880) nos Estados Unidos, a invenção do telégrafo (Guglielmo Marconi) e a primeira exibição do cinematógrafo do Irmãos Lumière em 1895, Henri Becquerel descobre o fenômeno radioativo em 1897, Marconi faz a primeira conexão transatlântica sem fio em 1901, o primeiro avião consegue voar em 1903 (Irmãos Wright), Fellipo Marinetti publica o Manifesto Futurista em 1909, o primeiro bombardeio aéreo acontece em Trípoli em 1911 (contra alvos civis). Em 1914 eclode a primeira Guerra Mundial na Europa e o modo de fazer guerras muda de forma radical. A tecnologia e o uso de equipamentos baseados na ciência moderna são fundamentais para ampliar a eficiência nos combates. Pela primeira vez gazes químicos são utilizados em campos de batalha. A morte em massa torna-se mais racionalizada e eficiente.
O homem capaz de conduzir o conhecimento a uma tecnologia redentora, que faz o homem viver mais, que reduz riscos, que impõe uma nova dinâmica ao cotidiano, também é capaz de conduzir a sociedade a um novo repertório de medos e incertezas sobre as novas formas de ser dominado, controlado, constrangido ou ameaçado.
A rápida digressão esboçada acima não cessa com a Primeira Guerra. As formas de totalitarismo inauguradas na Europa na primeira metade do século XX influenciam de forma decisiva o trabalho literário de autores como Evgueny Zamiatin, Aldous Huxley e George Orwell. A literatura distópica produzida por esses três autores se constitui, possivelmente, como a base mais conhecida da distopia como motivo literário.
Durante todo o século serão escritos livros que retratam mundos distópicos. Essas narrativas guardarão como motivos comuns: o controle sobre o indivíduo e as tentativas de transgressão como forma essencial de sobrevivência, a dúvida sobre a noção do real, a estabilidade social (geralmente imposta por uma relação vertical) facilitada por dispositivos burocráticos e tecnológicos “avançados”, além de outras questões mais específicas a cada narrativa ou autor. Haverá, sobretudo, um relato de desencanto sobre esses mundos futuros, aparentemente, gerados com base numa radicalização dos mundos que fazem parte da vida dos seus autores.
Os avanços nas ciências naturais e exatas a partir do século XVII ofereceram condições para um amplo desenvolvimento tecnológico no século XIX e XX. As realizações tecnológicas e as nações que as engendram começam a ganhar destaque no cenário político, econômico, social e militar. A sociedade dependerá e viverá cada vez mais baseada numa era tecnológica.


quinta-feira, 8 de outubro de 2009